Sequências da capoeira regional

  

 Mestre Bimba criou o primeiro método de ensino da capoeira, que consta de uma seqüência lógica de movimentos de ataque, defesa e contra-ataque, podendo ser ministrada para os iniciantes na forma simplificada, o que permite que os alunos aprendam jogando com uma forte motivação e segurança.

   É de conhecimento geral que a capoeira hoje praticada em nada se parece com a praticada nas décadas de 1940 e 1950 em Salvador, quando se dava de forma intuitiva, prezando pelo todo cultural, mas a culpa não se deve aos praticantes da capoeira, mas a modernização por que vem passando o mundo, com altas tecnologias e, que de certo modo afasta-nos da essência das coisas. Mas, tratando-se do ensino do jogo, deve-se procurar manter uma estruturalização e, para tanto, a prática das sequencias criadas por mestre Bimba, são fundamentais e essenciais, o que contribui para preparar o aluno para desenvolver os movimentos fundamentais da capoeira.

  Para uma melhor fixação e aprendizagem, as sequencias devem ser feitas a partir da ginga, em ritmo lento, o que diminui as chances de acidentes e aumenta a concentração e memorização, resultando posteriormente em um domínio maior e melhor dos movimentos por parte dos alunos. A prática da sequencia deve ser feita tanto com a perna direita quanto com a esquerda, o que melhora e contribui para o aprendizado, trabalhando a simetria.

  Bom, agora que já foi dada uma breve explicação sobre a importância da prática das sequências, iremos expô-las e esperamos que sejam entendidas e realizadas de maneira correta, buscando praticá-las diariamente.

PRIMEIRA SEQUÊNCIA - MEIA LUA DE FRENTE
ATAQUE	DEFESA
1. MEIA LUA DE FRENTE (D)	2. COCORINHA (E)
3. MEIA LUA DE FRENTE (E)	4. COCORINHA (D)
5. ARMADA (D)	6. NEGATIVA (E)
7. AÚ COM ROLÊ	8. CABEÇADA
SEGUNDA SEQUÊNCIA - QUEIXADA
ATAQUE	DEFESA
1. QUEIXADA (D)	2. COCORINHA (D)
3. QUEIXADA (E)	4. COCORINHA (E)
5. COCORINHA (D)	6. ARMADA (D)
7. BENÇÃO (D)	8. NEGATIVA (D)
9. AÚ COM ROLÊ	10. CABEÇADA
TERCEIRA SEQUÊNCIA - MARTELO
ATAQUE	DEFESA
1. MARTELO (D)	2. CUTILA (E)
3. MARTELO (E)	4. CUTILA (D)
5. COCORINHA (E)	6. ARMADA (E)
7. BENÇÃO (D)	8. NEGATIVA (D)
9. AÚ COM ROLÊ	10. CABEÇADA
QUARTA SEQUÊNCIA - GODEME
ATAQUE	DEFESA
1. GODEME (D)	2. BLOQUEIO (E)
3. GODEME/GALOPANTE (E)	4. BLOQUEIO/DEFESA GALOPANTE (D)
6. NEGATIVA 8. CABEÇADA	5. ARRASTÃO 7. AÚ COM ROLÊ
QUINTA SEQUÊNCIA - ARPÃO DE GIRO COM CABEÇA
ATAQUE	DEFESA
1. ARPÃO DE GIRO (D)	2. ARPÃO DE CABEÇA
3. JOELHADA (D)	4. NEGATIVA (D)
5. AÚ COM ROLÊ	6. CABEÇADA
SEXTA SEQUÊNCIA - RABO DE ARRAIA
ATAQUE	DEFESA
1. RABO DE ARRAIA (D)	2. COCORINHA (D)
4. COCORINHA (E)	3. RABO DE ARRAIA (E)
5. RABO DE ARRAIA (E)	6. COCORINHA (E)
7. COCORINHA (D)	8. RABO DE ARRAIA (D)
9. JOELHADA (D)	10. NEGATIVA (D)
11. AÚ COM ROLÊ                   12. CABEÇADA
SÉTIMA SEQUÊNCIA - ARMADA
ATAQUE	DEFESA
1. ARMADA (D)	2. COCORINHA (D)
3. COCORINHA (E)	4. ARMADA (E)
5. ARMADA (E)	6. COCORINHA (E)
7.COCORINHA (D)	8. ARMADA (D)
9. BENÇÃO (D) 11. AÚ COM ROLÊ	10. NEGATIVA (D) 12. CABEÇADA
OITAVA SEQUÊNCIA - BENÇÃO
ATAQUE	DEFESA
1. BENÇÃO (D)	2. NEGATIVA (D)
3. AÚ COM ROLÊ	4. CABEÇADA

Hino do Grupo Cativeiro!

  Axé camaradas, peço desculpas por só agora fazer nova postagem, mas tenho certeza que gostarão, pois hoje irei colocar a letra do nosso hino, que tanto emociona e também exalta o nosso amor e respeito a nossa arte, Capoeira.
  Este hino é de autoria do mestre Môa do Katendê e é entoada no início de nossas rodas ou em cerimônias, como batizados ou formaturas.
  Sendo assim, espero que aqueles que não sabem (ainda), aprendam, mas quem já sabe, deliciem-se e a cada momento o entoe com coração e orgulho de ser da família Cativeiro.

                                        Vou jogar Capoeira
                                        Angola e regional
                                        Vou lembrar de Pastinha
                                        Vou lembrar Mestre Bimba
                                        Avançar os quilombos
                                        De Zumbi dos Palmares


                                         De negros impertinentes
                                         De negros valentes
                                         Alicerces da nação
                                         Ô kaô, kaô, axe odará irmão,
                                         Ô kaô, kaô, axé odará irmão


                                         Meu Cativeiro
                                         Trago em meu peito
                                         A minha sina é trabalhar
                                         Mas eu vou dançar meu balé nagô
                                         Vou movimentar meu Brasil
                                         Xangô
                                         Axé odará irmão
                                         Axé odará irmão


                                         Ô Cativeiro, cati, cativerá...
                                         É mandingueiro, mandin, mandigueirá
                                         É Cativeiro...(cativerá)
                                         É mandigueiro...(mandigueirá)...


                                        Foi no tempo do cativeiro...(cativeiro)
                                        Quando o senhor me batia...(cativeiro)
                                        Eu rezava para Nossa Senhora
                                        Ai meu Deus...( cativeiro)
                                        Como a pancada dóia...(cativeiro)


                                        Chora meu Cativeiro
                                        Meu Cativeiro não pode chorar
                                        Chora meu Cativeiro
                                        Meu Cativeiro, meu cativerá...

Evento em Barcelona mobiliza grandes mestres de Capoeira do mundo inteiro!

  Axé camaradas, é com grande satisfação que venho tornar público o evento organizado pelo professor Capacete, o "GINGA BARCELONA - 1º Batizado e Troca de cordas" do Grupo Cativeiro-BCN, que realizar-se-á nos dias 25, 26 e 27 de março, com a participação de grandes mestres como: KK Bonates (Manaus-Am, Brasil), Mestre Djop (Bruxelas-Bélgica), Mestre Mico (Bruxelas-Bélgica), Mestre Gil Maciel (Barcelona-Espanha), Mestre Boca Rica (Barcelona-Espanha) e muitos outros.
   Neste evento além das tradicionais rodas de capoeira, haverá também workshops e palestras, onde os participantes, com certeza, serão abrilhantados com informações que em muito contribuirão para o seu desenvolvimento dentro e fora da roda de capoeira. 
   Afinal, a capoeira é uma caixinha de surpresas e devemos estar atentos aos sinais enviados por ela, pois como dizia o grande e saudoso mestre Pastinha " a capoeira é tudo que a boca come e o corpo dá".
   E, aproveitando o ensejo em nome do mestre kk Bonates e todos do grupo Cativeiro Manaus,  parabenizo o prof. Capacete por seu trabalho em levar cada mais longe nossa arte, com comprometimento, respeito e acima de tudo profissionalismo naquilo que de melhor sabe fazer, ensinar a Capoeira da melhor qualidade.
   Axé sempre e até breve! 
  

Esquenta de carnaval!!!!!!!!

  E ai galera do grupo e demais interessados, é com grande satisfação que convidamos a todos para participar do 1º esquenta de carnaval, que realizar-se-á neste domingo (31/01) às 16h, na Rua José dos Inocentes, Centro.

 Venham com alegria e disposição para brincar e se divertir em boa companhia!!!!!!!!

         

O criador da Capoeira Regional

  Como falarmos de Capoeira Regional, sem antes nos referirmos ao grande mestre Bimba?
   Manoel dos Reis Machado, nascido em 1899, no bairro do Engenho Velho, Salvador-Bahia. Iniciou seus treinos de capoeira com um africano chamado Bentinho, capitão da Companhia Baiana de Navegação, tempo em que trabalhava como estivador. Com o transcorrer do tempo, veio a ter contato com estudantes universitários de Salvador, que demonstraram interesse em aprender a capoeira; através deste contato houve uma elitização da capoeira e, consequentemente a criação de uma nova metodologia de ensino.
   Devido ao contato mais direto com as classes advindas das camadas mais altas, intelectuais e estrangeiros e também com outras artes marciais, fizeram com que mestre Bimba fizesse transformações na capoeira, ressaltando a combatividade da luta, incorporando a técnica dos golpes traumatizantes e desequilibrantes do batuque à capoeira. A diferença desta capoeira e a ensinada pelo mestre Pastinha, se devia ao lugar onde eram ensinadas, esta espqecificamente era realizada em lugares fechados , com métodos, práticas de exercícios físicos e sequências de ensino.
  Outras características marcantes da Capoeira Regional são a ginga alta, agilidade dos movimentos, ritmo acelerado e rapidez dos golpes e contragolpe; ausência do atabaque, em virtude do mestre querer desvincular a capoeira da prática do candomblé; os saltos também eram praticados, pois para o mestre quanto mais o capoeirista estivesse com os pés melhor seria para o praticante.
  Em relação aos toques executados na Regional, os mais usados são: São Bento Grande da Regional, Cavalaria, Iuna, Santa Maria, Benguela, Idalina e Amazonas, mas este assunto será tratado em futuras postagens.
  Mestre Bimba faleceu em fevereiro de 1974, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiânia, após um derrame cerebral

Mestre Pastinha, o grande nome da Capoeira Angola!

Vicente Ferreira Pastinha, o responsável por difundir a Capoeira Angola e fundador do Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), em 1941 no Largo do Pelourinho, nº 19, onde nomes de peso por alí também passaram como João Grande, João Pequeno, Gildo Alfinte, Albertino da Hora, Natividade e tantos outros.

 Sua apresentação à Capoeira foi graças ao Mestre Benedito, um africano, que ficou com dó de vê-lo todos os dias de um menino e, então resolveu ensiná-lo a arte da Capoeira, o que posteriormente ele mesmo tratou de repassar a tantos outros alunos que passaram por suas mãos.

 Homem simples e de poucas palavras, mas sempre sábias, Pastinha sempre falou com muito respeito e gratidão do mestre Benedito, procurando preservar a essência e pureza da Capoeira ensinada, evitando a interferência de práticas advindas de outras lutas, o que muito contribuiu para que fosse considerado legítimo representante da Capoeira Angola na Bahia em todo o Brasil.

 Segundo estudos a cerca da prática da Capoeira, verificou-se que antes de Pastinha abrir sua escola não havia uma uniformização, uma padronização; só ocorrendo posteriormente, snado as cores do time de coração do Mestre Pastinha, Ipiranga, amarelo e preto, apesar dele próprio fazer uso da cor branca.
 Apesar de ser uma das grandes celebridades da vida popular da Bahia, Pastinha, no final de sua vida, foi praticamente esquecido. Chegou a ser despejado de onde morava e, em fins de 1979, após um derrame cerebral e internação de um ano em Hospital Público, vai para o abrigo Dom Pedro II. Morre aos 92 anos, em 13 de novembro de 1981.

 Porém, seus ensinamentos a respeito da prática da Capoeira continuam presentes em todos aqueles que prezam por esta arte. O que pode ser explicado nas palavras do próprio mestre: "o capoeirista deve ter em mente que a Capoeira não visa, exclusivamente, preparar o indivíduo para o ataque ou a defesa contra uma agressão, mas desenvolver, ainda, por meio de exercícios físicos e mentais um verdadeiro estado de equilíbrio psicofísico, fazendo do capoeirista um autêntico desportista, um homem que sabe dominar-se antes de dominar o adversário. O capoeirista deve ser calmo, tranquilo e calculista."

O significado da palavra capoeira!!!!!!!!!

  Antes de explicarmos sobre a origem da palavra Capoeira, é necessário esclarecermos que esta é tipicamente brasileira. Isto podendo ser provado através de pesquisa realizadas por estudiosos, que constataram seu desenvolvimento em território brasileiro, por negros escravos trazidos da África para trabalhar nas lavouras de café, porém a data específica da chegada dos primeiros escravos é algo ainda desconhecido, mas que não desqualifica sua origem.

 O modo destes negros disfarçarem esta luta e continuarem praticando-a era misturá-la a dança e, assim levar os seus senhores a considerá-la como algo inocente, despretencioso, mas que na realidade era uma forma de manter viva sua cultura e se defender contra o chicote e o açoite do feitor, fazendo uso de golpes giratórios e traumatizantes, que de acordo onde eram aplicados tornavam-se fatais. Neste sentido, estima-se que a Capoeira tenha surgido por volta de 1600.

 Mas, voltando a origem da palavra Capoeira, esta vem do tupi-guarani, que significa " área de vegetação rasteira", onde os escravos ao fugirem iam se refugiar nos quilombos, sendo o mais famoso dele o de Zumbi dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. É nesse cenário, que surgem nomes de grandes guerreiros que lutaram bravamente para defender seu povo, são eles Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares, sendo este último morto com dois tiros disparados à queima roupa por Domingos Jorge Velho.

 Com a abolição da escratura em 1888, a pratica da capoeira se intensificou, sempre vista em vários cantos da cidade como praças e ruas.
  Entretanto, a Capoeira não era vista com bons olhos pela sociedade privilegiada e os negros considerados como uma "raça inferior", por fazerem algazarras e desordens públicas, o que acarretou a proibição da prática capoerística, vindo a coincidir com a chegada da família real ao Brasil, em 1808.
  A proibição era tanta para quem fosse encontrado praticando a capoeira, que foram aplicadas punições severas como prisões e trabalhados forçados, tudo previsto no Código Penal (1890). Entretanto, isto não impedia que fosse praticada às escondidas em quintais, praias e arredores das cidades.
 Tal situação só modificou-se quando em 1932, Getúlio Vargas liberou a prática da capoeira. E é, neste momento que surge a pessoa de Manoel dos Reis Machado, mais conhecido no mundo da capoeiragem como mestre Bimba (1900-1974), que muito lutou para a libertação e divulgação desta arte, o que fez ser e ter reconhecimento nacional. Mas este, será assunto para uma próxima postagem.
 Contudo, engana-se que a capoeira é apenas movimentos e golpes, ao contrário, há inserção de outras manisfestações culturais como o maculelê, puxada de redes e tantas outras que por vários motivos quase (ou nada) se conhece, mas que em conjunto com a capoeira buscam permanecer vivas.
  Após décadas de anonimato e exclusão social, a Capoeira está expandindo-se tanto nacional como intenacionalmente. O que comprova sua função igualitária.

  A pratica da Capoeira vai muito além da estética física, ela é uma arma valiosa no desenvolvimento cognitivo da pessoa, pois estimula todos as partes do cérebro dando uma sensação de bem-estar consigo mesmo.

  Com a filosofia de contribuir para a formação de valores humanos e éticos, baseados no respeito, na socialização e na liberdade, como forma da valorização da cultura brasileira. Tudo em vista de fortalecer e engradecer o capoeirista no seu caráter, dignidade e valorização pessoal.

  É tanta sua importância para a humanidade que tornou-se Patrimõnio Cultural Brasileiro, o que prevê a elaboração de projetos que envolvam ações necessárias à preservação e continuidade da manifestação.

 E, de modo a finalizar este assunto sobre a Capoeira, encerro-o com as palavras sábias de outro grande mestre da Capoeira, Pastinha (1889-1981): " a capoeira é para homem, menino e mulher, e só não aprende quem não quer".

 À todos muito axé!!!!!!!!!!!

 

 

Um pouco de história do Grupo Cativeiro

O Grupo Cativeiro Capoeira foi criado em 1978 pelos mestres de Capoeira: Belisco, Ely, Caio, Miguel, Rodolfo e Sidney, que se preocupavam em manter a qualidade da Capoeira sem afastar-se das origens desenvolvendo um padrão técnico de formação e treinamento.
 Em sua essência o Grupo Cativeiro Capoeira preza pela formação integral do capoeirista, que vai além de seu aspecto físico para realizar os movimentos da Capoeira até seu aspecto moral e político ao lidar com questionamentos advindos com a própria história da Capoeira, que tem no negro o símbolo maior da resistência em busca da liberdade.
 Neste sentido de luta é que o lema defendido pelo Grupo Cativeiro é o seguinte "Para não ser cativo de ninguém", que nos convida para os embates diários da vida sem deixar-nos aprisionar pelos grilhões impostos pela sociedade e até mesmo pelos impostos por nós mesmos.
 Dentro ainda do sentido de conscientização, a Capoeira é um espaço aberto para todos os tipos de pessoas, homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos, de classes sociais, religiões e crenças variadas em um mesmo espaço democrático.
 Atualmente, o Grupo Cativeiro está presente em vários Estados do Brasil e, em países como Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Espanha e Jamaica, o que comprovadamente nos deixa orgulhosos em saber que nossa arte está ganhando o mundo e sendo bem aceita e vista por todos que a praticam.